Mundo DNA - Índice Sefardita v3
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Índice Sefardita v3

Judeus sefarditas, um dos grupos significativos dentro da comunidade judaica, tiveram origem na península Ibérica. Com epicentro na Espanha, a tradição sefardita abrangeu uma rica tapeçaria de influências culturais e históricas. Seu legado se estende além da Península Ibérica, abrangendo diversas comunidades em toda a região do Mediterrâneo.

Os primeiros documentos que mencionam judeus na Península Ibérica datam do período visigótico. Foi também nesse período que ocorreu a primeira perseguição antijudaica documentada. Outros episódios de perseguição ocorreriam repetidamente ao longo da longa e conturbada história do povo judeu na Península Ibérica, culminando nos Decretos de Expulsão e no estabelecimento da Inquisição: alguns judeus se converteram ao catolicismo, enquanto outros resistiram e foram forçados a se batizarem, tornando-se os primeiros cripto-judeus ibéricos (Nogueiro et al., 2015).

Os judeus sefarditas chegaram ao Brasil durante o período colonial, principalmente durante o século XVII. Naquela época, Portugal, que havia expulsado os judeus sefarditas em 1496, possuía colônias na América, incluindo o Brasil. Embora oficialmente os judeus não pudessem entrar nas colônias portuguesas, muitos judeus sefarditas se estabeleceram no Brasil como "cristãos novos", isto é, judeus que se converteram ao cristianismo para evitar perseguição religiosa.

Os principais estados para onde os judeus sefarditas se estabeleceram no Brasil foram Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. Em Pernambuco, os judeus sefarditas se estabeleceram na cidade de Recife, onde se envolveram principalmente na produção de açúcar. Na Bahia, eles se estabeleceram em Salvador, onde também estavam envolvidos na produção de açúcar, além de comércio e mineração.

Durante o período colonial, os judeus sefarditas enfrentaram discriminação e perseguição religiosa no Brasil, especialmente durante a Inquisição Portuguesa, que foi estendida às colônias portuguesas. Muitos judeus sefarditas foram presos, torturados e executados pela Inquisição, mas muitos conseguiram escapar da perseguição e continuar a viver no Brasil.

Para muitos brasileiros, o processo de rastrear a sua genealogia para descobrir se eles têm ascendência judaica sefardita pode ser desafiador. Algumas ferramentas podem ajudar nesse processo, como registros genealógicos, certidões de nascimento e casamento, árvores genealógicas familiares, e testes de DNA. Muitos brasileiros usam essas fontes para rastrear suas raízes e encontrar possíveis conexões com suas heranças judaicas sefarditas.

Desenvolver a genealogia documental pode não ser uma tarefa fácil, pois registros históricos e documentais muitas vezes são incompletos ou inexistentes. Nesses casos, a genealogia genética pode ser uma ferramenta valiosa para ajudar a rastrear as origens familiares. Da mesma forma, a busca por ascendência judaica sefardita através dos testes de DNA também tem sido muito utilizada. Os testes de DNA podem fornecer informações sobre as origens geográficas e étnicas de uma pessoa, identificando possíveis ligações com grupos étnicos e geográficos específicos. Os testes de DNA também podem ajudar a encontrar parentes distantes e colaborar com outras pessoas que estão pesquisando suas árvores genealógicas. Embora os testes de DNA não possam fornecer uma resposta definitiva sobre a origem étnica de uma pessoa, eles podem ajudar a fornecer pistas valiosas sobre a história familiar e a herança genética de uma pessoa.

Os judeus sefarditas foram uma das muitas etnias que se misturaram com a população brasileira ao longo da história. Esses judeus se casaram com pessoas de outras etnias e culturas, resultando em uma mistura de influências e tradições. Como resultado, muitos brasileiros hoje em dia têm uma herança judaica sefardita em suas árvores genealógicas, mesmo que não saibam.

Estimar proporções étnicas em populações muito miscigenadas é um desafio complexo. Em países como o Brasil, onde a miscigenação é uma característica fundamental da população, é difícil identificar com precisão as proporções étnicas, já que muitas vezes existem misturas de múltiplas origens. Mesmo em regiões com populações de origem mais homogênea, como na Europa, é difícil determinar as proporções étnicas com exatidão, pois as migrações, guerras e movimentos populacionais ao longo da história contribuíram para a mistura de grupos étnicos. Como resultado, muitas vezes é necessário recorrer a métodos genéticos e estatísticos complexos para estimar as proporções étnicas em populações miscigenadas.

Há pouco mais de um ano, a Mundo DNA iniciou um projeto para identificar padrões de DNA que pudessem ajudar a determinar a ancestralidade judaica sefardita entre os brasileiros. A empresa lançou a primeira versão do Índice Sefardita após estudos com uma pequena população de 470 descendentes certificados de judeus sefarditas pela comunidade israelita de Lisboa (CIL). O índice mediu com precisão acima de 65% aqueles que descendiam ou não de judeus sefarditas. No entanto, devido ao pequeno número de amostras no banco de dados (N=470) e ao grande número de possíveis linhagens de judeus sefarditas presentes no Brasil, a ferramenta poderia falhar para linhagens menos representadas. A segunda versão do Índice Sefardita foi lançada após o aumento do banco de dados para 820 descendentes de judeus sefarditas, mas a precisão não melhorou substancialmente, permanecendo em torno de 65%. A complexidade inerente de uma população tão miscigenada como a brasileira e o alto número de perfis de DNA cujo mapeamento genético contém baixo número de SNPs podem ter contribuído para essa limitação.

Em maio de 2023, a Mundo DNA anuncia o lançamento da terceira versão do Índice Sefardita. Nesta nova versão, foram utilizados 1702 DNAs de descendentes certificados de judeus sefarditas. Após uma cuidadosa análise, apenas 1297 DNAs foram selecionados para o desenvolvimento do painel de referência. Isso ocorreu porque os perfis de DNA com menos de 500 mil SNPs poderiam limitar a identificação de marcadores informativos de ancestralidade. A Mundo DNA optou por selecionar cuidadosamente os DNAs com base em sua qualidade e quantidade de SNPs para garantir a precisão do Índice Sefardita na identificação de possíveis ascendências judaicas sefarditas. Com essa abordagem mais rigorosa, o Índice Sefardita v3 tem uma assertividade estimada em 87%. Com esse aumento da assertividade de 65% (da versão anterior) para 87%, a empresa espera oferecer uma ferramenta ainda mais precisa e confiável para ajudar os brasileiros a descobrir suas possíveis conexões com a rica história dos judeus sefarditas.

A figura abaixo é bastante ilustrativa sobre a nova ferramenta. A análise de componentes principais (PCA) revelou uma clara separação entre as populações 1) dos descendentes certificados de judeus sefarditas e 2) os não descendentes de judeus sefarditas. Essa separação foi observada no eixo PC1, onde os descendentes de judeus sefarditas foram localizados mais à direita do eixo (pontos azuis), enquanto que os não descendentes foram localizados mais à esquerda do eixo PC1 (pontos cinzas).





Ao observar a figura de PCA, é possível notar a presença de alguns poucos pontos azuis (descendentes de judeus sefarditas) localizados à esquerda de PC1, bem como pontos cinzas localizados à direita de PC1. Essa observação levanta diversas hipóteses. Os descendentes de judeus sefarditas que não se agrupam podem representar linhagens de descendentes sefarditas pouco representativas em nosso banco de dados, o que tornou difícil a detecção de marcadores genéticos que os identificassem. Por outro lado, esses pontos azuis fora do agrupamento principal podem representar indivíduos altamente miscigenados, cujas características genéticas sejam influenciadas por outras origens étnicas além da judaica sefardita. Já os pontos cinzas agrupados com os pontos azuis podem representar pessoas que possuem ancestralidade judaica sefardita, mas que desconhecem ou simplesmente não possuem a certificação da CIL. Essa diversidade genética e histórica demonstra a complexidade das origens étnicas dos brasileiros e reforça a importância de ferramentas como o Índice Sefardita da Mundo DNA para ajudar as pessoas a entenderem melhor suas possíveis conexões com diferentes grupos étnicos.

Com o contínuo aumento do banco de dados da Mundo DNA, a ferramenta de índice sefardita tem demonstrado um notável aprimoramento em sua precisão. À medida que mais informações genéticas se tornam disponíveis, a capacidade de identificar e rastrear ancestralidade sefardita tem se fortalecido. A Mundo DNA está comprometida em manter sua ferramenta atualizada, incorporando constantemente os avanços mais recentes em análise genética e expandindo seu banco de dados. Com cada aumento significativo no banco de dados, a precisão e confiabilidade da ferramenta continuarão a evoluir, permitindo que indivíduos interessados em sua herança sefardita explorem sua história ancestral com maior precisão e detalhamento.



Autor: Hugo Rody
Publicado em: 2023-12-05

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